O minimalismo é uma filosofia que me interessa muito, por isso, tenho estudado o assunto. Não sei se filosofia é o termo correto, porque o minimalismo é um estilo de vida.
Minimalismo na Netflix
Tudo começou quando assisti ao documentário MINIMALISMO na Netflix.
O minimalismo é literal, uma filosofia que defende a ideia de viver com menos. Vai na contramão do consumismo e do materialismo. Fala sobre valorizar as coisas, não comprar por impulso, não acumular e não ter apego material.

Consciência de consumo
Eu sempre fui uma criança com fama de bagunceira… na verdade, não era só a fama. Eu fui uma criança bagunceira, daquelas que por onde passa é furacão, não sobra pedra sobre pedra.
Acredito que hoje exista uma nomenclatura mais politicamente correta (criança ativa?), mas naquela época era bagunceira.
Eu era uma daquelas crianças que inspiram os filmes. Meias no lustre do quarto, guarda-roupas que perdem as portas porque elas nunca foram usadas, coisas estragadas embaixo da cama e por aí vai.

Foi lá pelos dez anos de idade que criei consciência de mim e passei a me incomodar com essa fama. Eu tinha a fama de briguenta, respondona, inteligente, desinibida e entre muitas outras coisas, bagunceira. A única que não me agradava era a última.
A verdade é que o problema não era a fama, até porque era tudo verdade. O problema é que eu levava a culpa da minha bagunça e da bagunça da minha irmã. Isso era inaceitável.
Enquanto eu tomava broncas e era obrigada a arrumar o quarto, minha irmã se livrava dos sermões. Ninguém sabia que metade da bagunça era dela (nós dividíamos o quarto).
Foi então que eu, no auge dos meus dez anos, bolei um plano de vida para acabar, de uma vez por todas, com as falsas acusações de bagunça.
Já que eu não conseguia organizar as minhas coisas, o plano foi: diminuí-las. A primeira coisa que fiz foi doar toda a minha coleção de anjinhos. Lembra dos anjinhos? Aqueles itens de 1,99 que todo mundo ganhava de amigo secreto?
Depois disso, de uma série de desapegos, organização e planos para expor a bagunça da caçula… a minha fama continuou, mas eu perdi o posto de titular.
Apesar de muito engraçada, essa história representa um ponto de inflexão na minha vida. A partir desse momento, comecei a desenvolver consciência sobre o consumo.
A regra do um
Existe um ensinamento minimalista: YONO.
A primeira vez que vi isso, pensei (como você deve ter pensado) que era alguma coisa relacionada a Yoko Yono.
Nós dois nos enganamos.
YONO é a siglagem de “You Only Need One”, que em português significa “você só precisa de um”.

Para mim, essa é a regra mais importante do minimalismo. Vai na contramão do consumo, mas não exige sacrifícios monstruosos. É uma decisão consciente de ter apenas o necessário, apenas um.
A regra do um entrou na minha vida muito antes de eu saber o que era minimalismo. Ela unia o útil (evitar bagunça com a acumulação de coisas) ao agradável (economia financeira).
Com o tempo, sem qualquer planejamento, acabei me acostumando a não ter várias unidades de um objeto. Por exemplo, ao invés de comprar 10 variedades de creme de cabelo, é possível ter uma só.
A regra 90/90
Outra regra minimalista que entrou na minha vida sem querer foi a regra 90/90.
Uma vez, fazendo a limpeza do meu guarda-roupas, separei algumas peças para a doação. Por correria do dia-a-dia, a caixa ficou separada por quase seis meses. Seis meses sem sentir falta de nenhuma peça de roupa. Resultado? Doei a caixa sem nem olhar.
A regra do 90/90 diz que se você tem coisas que não usou nos últimos 90 dias, essas coisas não têm significado. Você pode doá-las para alguém que precise.
É claro que, como tudo no minimalismo, a regra 90/90 não é rígida. Pode ser que você precise de mais do que 90 dias e está tudo bem.
Eu sou minimalista?

Como disse acima, algumas regras do minimalismo entraram na minha vida antes mesmo de eu saber o que era minimalismo.
Recentemente, o minimalismo passou a me interessar muito.
Como você deve saber (se não sabe clique aqui), eu vivo na estrada. Sendo assim, não tenho espaço para carregar muitas coisas.
Tudo o que eu tenho e tudo o que meu marido tem deve caber no porta-malas do carro. Além dos objetos pessoais, levamos alguns equipamentos de cozinha e camping.
Acredito que há muitas maneiras (diferentes) de ser minimalista. Você pode optar por possuir apenas 50 objetos (entre móveis e objetos de uso pessoal) ou não estabelecer um número e, apenas, optar pelo consumo consciente.
Cada pessoa vai encontrar o próprio caminho dentro do minimalismo.
O que é fundamental, a meu ver, é ter coisas que fazem sentido para você. E isso é muito pessoal.
No meu caso, precisei aprender a diminuir. Reduzir, essa é a palavra. Faz sentido ter camisas sociais em uma viagem de longo prazo? Faz sentido levar uma coleção de canecas? O que eu preciso, o que será útil?
Mas isso não significa que eu me considere uma pessoa minimalista.
Na verdade, eu não sou.
Eu estou aprendendo a reduzir e a me desapegar de muitas coisas, mas nem tudo é fácil. Apesar da falta de espaço, trouxe uma necessaire enorme comigo. Devo possuir umas cinco variedades de perfume. Não consegui desapegar.
O que fazer? Eu optei por usar todos os meus perfumes e só comprar uma nova fragrância quando tiver acabado as que trouxe. Isso faz sentido pra mim, mas pode não fazer para você. É pessoal.
Acredito que o mais importante é perceber o que eu realmente uso.
Ao reduzir minhas coisas, percebi o quanto de dinheiro e energia eu tinha gasto em coisas que não eram necessárias.
Viajando eu percebi que a maioria daquelas coisas não faz falta. Eu não precisava delas. Não usava antes, não uso agora.
Somos uma sociedade materialista, mas será que não podemos colocar limites ao consumo?

Talvez os benefícios sejam: diminuição da ansiedade, economia de dinheiro, mais espaço, mais tempo… o que funciona para você?
Aos poucos
Não acho que seja preciso reduzir tudo na vida de uma vez.
Lembra que eu contei que comecei a reduzir as minhas coisas e a aplicar a regra do um? Bem, eu não aplicava essa regra no setor de perfumaria (por exemplo).
Outra área pessoalmente sensível é a dos livros. Eu amo ler e trouxe vários livros na viagem. Quanto aos livros que eu tinha, estão guardados.
No momento, não me sinto confortável em me desapegar deles (não sei se algum dia farei isso). E está tudo bem. Eu posso ter livros, eu posso ter o que eu quiser. É uma escolha.
Onde aprender mais?
Acredito que quando nós diminuímos o consumo, sobra energia para valorizar as coisas mais importantes da vida: as amizades, os sentimentos.
Quando não nos preocupamos em ter, podemos ser.
Eu não sou minimalista ainda, mas estou cada vez mais apaixonada por essa ideia.
Se você se interessou pelo assunto, acredito que vá se interessar por estes canais. Eles estão me ajudando a compreender e aplicar os conceitos minimalistas na minha vida: CKSpace | Simply by Christine | Sarah Therese e o blog Vida minimalista do Pedro Engler.
Ah, se você não assistiu ao documentário na Netflix, começaria por ele.
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