Escrever sobre si mesmo, essa coisa de bio, é hard!

Lori Sato

8/3/20214 min read

a man sitting at a desk with a laptop computer
a man sitting at a desk with a laptop computer

Já escrevi a bio de várias pessoas: familiares, amigos e colegas de trabalho. Sim, já fui paga para isso.

Para falar a verdade, é um trabalho que gosto de fazer. Imagino que deva ser como pintar o retrato de uma pessoa, só que eu não pinto: escrevo.

O problema é quando você precisa escrever sobre si mesmo. Se vender sem parecer pretensioso, valorizar o próprio passe sem exageros. Isso sim é uma tarefa que demanda esforço.

Então vamos começar pelo começo (first things first).

Biografia é escrever sobre a sua história

Segundo o Dicionário Aurélio, biografia é “a história da vida de uma personagem, de um autor”. Até aí, acho que tudo bem. Por exemplo, se alguém interromper a sua leitura agora para perguntar sobre sua história, você vai conseguir contá-la (não vai?!).

Então, por que é tão difícil escrever a sua bio?

Primeiramente, porque há um limite de caracteres. Então, não vai dar pra escrever a vida inteira. É preciso escolher os pontos mais importantes da sua história. E para isso, você precisa definir o objetivo da bio. O que é relevante depende disso.

A bio é como uma apresentação, uma introdução. É para uma página profissional ou para um perfil familiar? Se você quer mostrar seu trabalho, “on for tonight” pode não ser um bom começo.

A boa notícia é que, pelo menos nas redes sociais, sua bio não é estática. Ela pode ser alterada sempre que necessário. Ufa!

Uma das minhas primeiras bios no instagram era assim:

“Somos o cosmo inteiro, e somos só mais um”.

O que eu mais gosto é o segredo. Você entendeu? Me adicione! Não entendeu… Sorry.

Infelizmente, ela não é muito educada e nem um pouco clara. Quem eu sou? O que faço? Para onde estou indo? Ela não responde nenhuma dessas perguntas… Sua bio precisa responder perguntas que não foram verbalizadas.

Tem fórmula pronta pra tudo

Se você pesquisar na internet, vai encontrar muita gente dizendo a mesma coisa: escreva a solução que você oferece. Afinal, você é o produto. Esse é um caminho, claro. Mas me pergunto desde quando fomos reduzidos ao serviço que podemos oferecer?

“A biografia resume as informações da conta, trazendo ao visitante tudo que ele precisa saber sobre a pessoa ou empresa dona daquele perfil”.

NEIL PATEL

É por isso que vemos tantas bios assim:

  • “Estrategista especialista em lançamento de experts no digital” – Priscila Zillo.

  • “Fundador da @wiseup, @meusucesso, @powerhouse e GV, proprietário do @orlandocitysc, MLS Board of Governors member & Presidente da Wiser Educação” – Flávio Augusto.

  • “Marketing de conteúdo é o único caminho” – Paulo Cuenca.

Mais claro, impossível. Essas bios funcionam muito bem, mas não são as bios que eu quero escrever. Na verdade, não me sinto nem um pouco conectada com elas. Não representam, não têm essência, não contam a que vieram ou por que.

Particularmente, acredito que a bio pode ser mais. Pode ser clara, sem perder o charme. Obviamente, é muito mais difícil escrevê-la (eu ainda não consegui). Mas olha só este exemplo:

“E de gênio sou uma cachaça, de alma um guaraná” – Cris Lisbôa.

Aqui, não preciso de uma foto para ver essa pessoa. Essa bio tem alma, tem sentimento, tem cor, tem graça e, principalmente, tem história. Ela é suficiente para chamar a atenção e despertar interesse.

Ok, mais um exemplo. Aqui, há um misto de “quem eu sou”, “o que eu faço” e um forte traço de personalidade: “A estranha que está formando uma nova geração de escritoras empreendedoras!” – Maria Vitória (a_estranhamente).

Que tipo de bio você quer escrever? Talvez, o primeiro passo para conseguir escrever sobre si seja revisitar suas referências. Dá uma lida nesse artigo aqui.

Escrever uma bio profissional

Bom, aí a coisa é séria e a pegada é outra. Mesmo assim, os passos são, basicamente, os mesmos.

Imagino que o objetivo seja mostrar a sua capacidade profissional. E, dependendo da linguagem que a empresa utiliza, ainda dá para fugir da formalidade e ser profissional, ao mesmo tempo.

Olha só:

“Redatora formada em Direito, decidiu trilhar caminhos não convencionais e se descobriu na redação. Por isso, está sempre estudando storytelling e copywriting” – Lori Sato.

Outro exemplo:

“Colaborou na criação de texto para redes sociais. Chegou na Freela School com ‘o email mais sincero que você vai ver hoje’ provando que cara de pau pode te levar longe” – Jordana Bispo. Redatora: Freela School (aqui tem mais)

Escrever sobre si mesmo é se expor

Segundo Elizeu C. de Souza, autor do livro “O conhecimento de si”, falar de si nos permite a “reconstituição da textura da vida”. Isso quer dizer que escrever sobre si mesmo é, antes de mais nada, um exercício de reflexão.

Qual foi o caminho que te trouxe até aqui e aonde você está indo? É sobre dar um sentido para a sua jornada e, ao mesmo tempo, olhar para o futuro.

Ahhh, por isso é tão difícil! Poucas pessoas têm o costume de se olhar como o sujeito da própria história.

Da próxima vez que você for escrever sobre si mesmo, olhe para o seu passado e para o seu futuro.

Não precisamos seguir fórmulas prontas, um pouco de imaginação sempre cai bem. Lembre-se de que você é mais do que um produto, você é completo.

Pode ser que não saia nada interessante de primeira, mas sempre podemos reescrever a nossa bia, assim como podemos reescrever nossa própria história.


Lori Sato.